23 de maio de 2011

Projeto Água da Rua

Partindo da idéia da arte como experiência que permite uma ressignificação dos espaços e dos hábitos do cotidiano, o projeto Água da Rua propõe reunir moradores e frequentadores do bairro Santo Antônio para comemorar o encerramenro do mês do  Meio Ambiente e, nesse ritual, descobrir, ou re-descobrir, a rede subterrânea que conecta a cidade aos rios.

Em Belo Horizonte, como na maior parte das grandes cidades brasileiras, os vestígios do sítio natural foram apagados: as nascentes, os cursos d’água, as várzeas, a vegetação nativa, os morros – tudo foi sendo coberto por camadas de asfalto e edificações, produzindo um ambiente uniforme, aparentemente independente dos recursos naturais. Para as gerações de classe média que nasceram e cresceram nas cidades, pode parecer que a água limpa brota das torneiras e a água suja simplesmente desaparece quando entra pelo ralo.

Para despertar a consciência sobre os elos que unem cada um de nós, habitantes da cidade, uns aos outros e ao planeta, o projeto propõe responder as seguintes perguntas: De que rio vem à água que você bebe? Por quais caminhos a água passa até chegar à sua rua? Quantos km percorre nesse trajeto? Quanto tempo a água do rio leva para chegar à sua rua? Para qual rio vai à água que você usa? Por quais caminhos a água passa da sua rua até o rio? Quantos km percorre nesse trajeto? Quanto tempo a água leva da sua rua até o rio?


O Bairro Santo Antônio

A escolha do bairro Santo Antônio como local do projeto está ligada a fatores geográficos, históricos e sócio-culturais. Um dos primeiros bairros a surgir fora do perímetro urbano delimitado pelo projeto original de Belo Horizonte, desde o início da cidade sediou um reservatório de água. Foi no terreno da antiga Caixa d'água do Cercadinho, localizada na Rua Carangola, que mais tarde se instalou a sede da Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA, que hoje é uma das principais referências do bairro. Mas para as pessoas que não são moradoras nem frequentam a região, o Santo Antônio talvez seja mais conhecido pela sua agitada vida noturna e, mais recentemente, pelos seus blocos de carnaval. Esta combinação de vida social, localização geográfica e história torna o bairro um lugar muito interessante para funcionar como ponto de partida para uma intervenção que pretende se estender para outros lugares da cidade. Nossa expectativa é que as atividades no Bairro Santo Antônio funcionem como um piloto e que o projeto se repita até 2015, ampliando a cada ano o raio de ação, incluindo cada vez mais bairros de Belo Horizonte. A meta é que, ao final da Década Brasileira da Água, todos os habitantes da cidade saibam de que rio vem e para qual rio vai a Água da Rua.