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Aos participantes da Rede de Construções Sustentáveis

Aproveitando o encontro C40 SP Summit, realizado essa semana em São Paulo e que reúne as 40 maiores cidades do mundo para discutir a adaptação das cidades às mudanças climáticas, trazemos dois artigos que tratam da sustentabilidade nas cidades: uma dentro dos edifícios e outra com iniciativas de infraestrutura verde adotadas por diversas cidades.

Considerando os edifícios, podemos dizer que a sustentabilidade começa dentro de casa e o artigo do blog da Revista Superinteressante que traz dicas simples que podem ser adotadas em casa. Essas ações podem ser adotadas em casa e no trabalho contribuem para a redução de consumo dos recursos naturais e, consequentemente, geram economia nas contas de água e energia.

Abaixo, segue artigo sobre Infraestrutura Verde, publicado na revista eletrônica Vitruvius. O artigo traz soluções simples, interessantes e viáveis na construção de parques urbanos e sistemas de drenagem, criticando as formas de implantação de infraestrutura que, na maioria das vezes, não privilegia as áreas verdes, manutenção e preservação de áreas de proteção ambiental, causando danos irreversíveis às áreas urbanas, em especial, nas grandes metrópoles. A autora destaca os diversos projetos que serão realizados no Rio de Janeiro e que, nem sempre, consideram questões como drenagem urbana sustentável e criação e manutenção de áreas verdes, conforme os exemplos levantados no texto.

9 FORMAS DE SER MAIS SUSTENTÁVEL EM CASA E CORTAR GASTOS

Lydia Cintra 1 de junho de 2011




Ter atitudes sustentáveis é uma questão de hábito. Mas o melhor é que dá pra fazer muita coisa para reduzir a sua pegada ecológica, causar menos impacto ao meio ambiente e, ainda, economizar dinheiro. Que tal fazer um teste e  começar a repensar algumas atitudes hoje, aproveitando que é dia 1º? Fique de olho nas contas no final do mês!

Ligue a tomada na hora certa

Tirar equipamentos eletrônicos da tomada é uma atitude simples e que pode fazer grande diferença. Estima-se que cerca de15% da conta de energia de uma casa vem do consumo de aparelhos em stand-by.
Ilumine melhor seu espaço
Troque as lâmpadas. As fluorescentes consomem menos energia que as convencionais e duram mais tempo. Isso faz com que você gaste menos – e a sua conta de luz agradece. É sempre importante lembrar, porém, que na hora do descarte elas merecem uma atenção especial, pois contêm substâncias tóxicas como mercúrio e chumbo.
Dente limpo, consciência também
A economia de água na hora de escovar dentes é uma das mais simples. Basta fechar a torneira enquanto escova, que o gasto fica em torno de 1 ou 2 litros. Caso contrário, você pode chegar a gastar até 12 litros de uma vez só.
Jogue menos água pela descarga
Alguns modelos de descarga podem chegar consumir até 15 litros de água, mais do que o dobro determinado pelas normas técnicas, que são 6 litros. O ideal é dar preferência às caixas de descarga no lugar das válvulas. Outra opção é poupar algumas descargas fazendo xixi no banho, como sugere a campanha da SOS Mata Atlântica.
Ar condicionado: amenize o uso
Evite usá-lo por muitas horas seguidas. O uso ininterrupto muitas vezes é apenas um hábito que pode ser mudado sem grandes esforços. Se você dorme com ele ligado a noite inteira, experimente ajustar o timer, que programa o desligamento após algum tempo.
Tome banho consciente
Procure tomar banhos mais curtos. Ao sair do banho um minuto antes do normal, você poupa de 3 a 6 litros de água, o que representa um grande volume somando o gasto de um período longo, como um ano inteiro.
Acumule menos louça
Em casa não faz sentido usar copos, pratos ou talheres descartáveis. Mesmo usando copos de vidro, evite pegar um limpo cada vez que for beber alguma coisa. Isso também ajuda a economizar na conta de água.
Óleo e pia não combinam
Um litro de óleo descartado incorretamente polui até 25 mil litros de água, pode entupir tubulações e encarece os processos de tratamento de água. Procure armazená-lo em garrafas e fazer a destinação correta.
Faça a sua coleta
Mantenha duas lixeiras na sua casa: uma para o lixo orgânico e outra para os recicláveis. Reciclar e reaproveitar são sempre boas ideias e ajudam você a repensar prioridades e práticas de consumo.

Revista Vitruvius – Minha Cidade

Infraestrutura verde: Chegou a hora de priorizar!

Cecilia P. Herzog

A adaptação das cidades às mudanças climáticas, para que se tornem resilientes aos impactos que já estão ocorrendo em todo o planeta, como: inundações, deslizamentos, desertificação, falta d’água, corte de suprimentos de energia e matéria etc.

Biovaleta em níveis
Foto Cecilia Herzog
A adaptação das cidades às mudanças climáticas, para que se tornem resilientes aos impactos que já estão ocorrendo em todo o planeta, como: inundações, deslizamentos, desertificação, falta d’água, corte de suprimentos de energia e matéria etc., tem sido tema de vários congressos e seminários dos últimos dois anos. As previsões mais sombrias têm se mostrado pequenas perto da velocidade do que vem ocorrendo. O papel da biodiversidade urbana, da desimpermeabilização do solo, dos transportes alternativos de baixo impacto e de massa com combustíveis limpos, da geração de energia local e renovável, e da economia de energia são considerados pontos primordiais na construção de cidades sustentáveis e resilientes. Todos devem ser reunidos em um plano integrado de infraestrutura verde, que consiste numa rede de espaços permeáveis e de preferência arborizados (compreendidos os fragmentos de ecossistemas naturais) que se conectam através de ruas e rios renaturalizados, e outros potenciais corredores verdes.
Uma enxurrada de projetos, propostas e notícias sobre as transformações dos espaços urbanos do Rio de Janeiro, inunda a mídia. Porém, ainda não vi nenhuma manifestação em como a administração está planejando enfrentar os desafios atuais e futuros de forma sustentável. A cada chuva que para a cidade, surgem notícias sobre projetos milionários de drenagem de áreas historicamente problemáticas. O nível do mar está subindo e as imagens divulgadas de muitos projetos estão à beira d’água, como se nada fosse acontecer.  A ocupação de áreas alagáveis, encostas e ecossistemas costeiros está cobrando um alto preço da população. Áreas de produção de alimentos, fundamentais para segurança alimentar, estão sendo erradicadas. Estão sendo cometidos os mesmos erros históricos tão conhecidos de todos. Com o passar do tempo, a tendência é que as coisas fiquem mais e mais graves.
Inúmeras cidades, regiões e países estão trilhando caminhos inovadores, ao planejar e implantar projetos que consideram fatores abióticos, bióticos e antrópicos, em diversas escalas.  A infraestrutura verde já é uma realidade em muitos lugares. Investir em pesquisas e projetos que mimetizam a natureza tem dado excelentes resultados. Para isso, é preciso conhecer como os processos naturais e os fluxos que acontecem na paisagem urbana, e transformar os espaços urbanos monofuncionais em multifuncionais. Ruas, estacionamentos, telhados, canais e jardins podem oferecer inúmeros serviços ecológicos, como: coletar e drenar águas das chuvas, diminuir as ilhas de calor, reduzir temperaturas internas e o consumo de energia, limpar o ar, filtrar as águas de escoamento superficial, melhorar a saúde e a qualidade de vida da população, além de reduzir enchentes e conter deslizamentos. É uma tarefa transdisciplinar que requer a participação da comunidade com transparência.
O Rio de Janeiro tem uma oportunidade única de reverter esse processo. A incorporação dos projetos pontuais em andamento em um plano holístico de infraestrutura verde pode trazer benefícios concretos e sustentáveis para os moradores de hoje e do futuro. Não basta reduzir emissões de gases estufa. Atrair empresas de ponta requer qualidade de vida para seus funcionários. Segurança é primordial, mas qualidade de vida urbana vai além, demanda que ruas e espaços públicos sejam devolvidos à população, com múltiplas funções essenciais. Isso é possível e necessário em toda a cidade, como pode ser conferido em propostas vencedoras do Concurso Morar Carioca de urbanização de favelas promovido pelo IAB-RJ e a Prefeitura do Rio de Janeiro.  Preparar a Defesa Civil para agir em casos de calamidades é fundamental, mas não é solução sustentável no longo prazo. Não irá evitar nem mitigar os efeitos da urbanização desordenada, ou mal planejada. É hora de agir em benefício da coletividade, de planejar uma infraestrutura verde para o Rio de Janeiro.
Biblioteca da Universidade de Varsóvia – edificação que se integra na paisagem: os jardins recobrem parcialmente a fachada que se prolonga por um pequeno parque. A drenagem é naturalizada, desce com tratamento por vegetação filtrante e termina numa pequena lagoa de detenção.
Parque Ecológico Costanera Sur em Buenos Aires – localizado na margem do Rio de la Plata, abriga uma rica biodiversidade, e oferece inúmeros serviços ecossistêmicos além de ter valorizado o entorno. Freqüentado por moradores e turistas.
Fenway em Boston – parque linear pioneiro, que compõe um sistema projetado por Frederick Law Olmsted no século 19 para resolver questões ambientais e de saúde da população. Até hoje é um modelo de renaturalização que inspira planos e projetos de infraestrutura verde.
Hortas urbanas em Kioto – a cidade japonesa tem uma política de várias dimensões, para que seus moradores tenham contato com a produção de alimentos e também para que tenham segurança alimentar.
Parque linear em Kioto – o local onde anteriormente havia um riacho canalizado poluído, atualmente é muito usado para circulação e como área de estar e relaxamento no centro histórico da cidade.
Satoyma em Nagoya – trata-se de um conceito japonês de integração das áreas urbanas e naturais, uma espécie de zona tampão. Atualmente estão sendo inseridos em parques em centros densamente habitados, como em Nagoya. Além de lazer oferecerem serviços ecossistêmicos, contribuem com drenagem naturalizada evitando enchentes a jusante, colaboram para a despoluição das águas, são fontes de produção de alimentos e insumos florestais, e atuam como centros de educação e conscientização ambiental.
Jardin d’Éole em Paris – trata-se de um novo parque de pequenas dimensões onde era área de linha férrea. Revitalizou uma área antes desvalorizada, muito usada pela população para inúmeras atividades.
Parque Chemin de l’Ile em Nanterre – construído ao longo do Senna, com alagados para tratar as águas do rio. Ao longo de sua margem se estende um corredor verde com hortas urbanas sob a rede elétrica.
Rieselfeld em Frieburg – um bairro planejado para ser ecologicamente sustentável. Além do foco em transporte de massa, nos pedestres, em ciclovias que integram a cidade, e energia renovável, também tem uma infraestrutura verde integrada que possibilita que a drenagem seja toda naturalizada, com segurança para crianças circularem e terem contato com os processos naturais.
sobre a autora
Cecilia Polacow Herzog é paisagista urbana, mestre em urbanismo, presidente da ONG Inverde, consultora da AMAJB.
Fonte: HERZOG, Cecilia P.. Infraestrutura verde. Chegou a hora de priorizar!. Minha Cidade, São Paulo, 11.130, Vitruvius, mai 2011 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/11.130/3900>.

Rede de Construções Sustentáveis
Equipe GEMEA